As origens da sociedade de consumo estão localizadas no período de consolidação da própria modernidade na Europa ocidental dos séculos XVIII e XIX, quando começaram a se delinear as características da sociedade de massa.
Nas sociedades tradicionais, a produção de bens era limitada pela existência de matéria-prima e pela capacidade humana para os produzir. A produção e o consumo estavam associados numa única atividade, ou seja, o consumidor era muitas vezes o produtor, consumia-se o básico para a sobrevivência.
Ainda hoje podemos observar sociedades que praticam esse modelo, como os índios.

Nos séculos XVIII e XIX, o aparecimento da máquina a vapor multiplica a força dos animais e do homem, alterando profundamente o sistema produtivo e a forma de vida das populações. A Revolução Industrial permite a produção em larga escala e o alargamento dos mercados. O setor produtivo aumenta a oferta de bens agora destinados ao mercado, com vista à satisfação das necessidades claramente identificadas. O setor comercial transaciona os bens e dá a conhecer os produtos e as empresas, com formas de divulgação ainda muito restritas, com anúncios produzidos em materiais duráveis. Era informação “para ficar”, o que também refletia a durabilidade dos produtos.
No século XX, o desenvolvimento industrial, com a produção em série, determina o nascimento do consumo de massa. Todos os habitantes dos países industriais passam a ser considerados consumidores em potencial de produtos produzidos em quantidades cada vez maiores a custos sempre mais baixos.
Esse processo chega ao ápice quando os meios de comunicação de massa dão novo impulso à publicidade com a função de informar aos compradores em potencial sobre os novos produtos colocados no mercado, não só para satisfazer necessidades, mas, também, para criar artificialmente novas necessidades (necessidades induzidas). Assim, enquanto no passado à indústria produzia para as necessidades sentidas, a partir de então a lógica se inverte e é a produção a criar e a estimular as necessidades dos consumidores.
A disseminação dessa lógica acelera-se a partir da segunda metade do século XX, quando o universo do consumo passa a ganhar centralidade tanto como motor do desenvolvimento econômico quanto, através da expansão do consumismo, como elemento de mediação de novas relações e processos que se estabelecem no plano cultural das sociedades modernas.
Nessa perspectiva, o consumo deixa de ser uma variável dependente de estruturas e processos a ele externos e passa a se constituir enquanto campo autônomo, ou seja, o campo da atividade consumista deixa de ser espaço da atividade econômica para se constituir em campo de produção de significados e formas simbólicas. Consumir passa, neste caso, a ser percebido como processo de mediação de relações sociais.