E se o consumo não fosse mais um fim em si mesmo, mas voltasse a ser um meio? Se voltássemos a refletir sobre o que consumimos e por quê? Se escolhêssemos com consciência, sobriedade e inteligência? Enfim, se praticássemos o consumo responsável, consciente, com base no impacto social e ambiental?
O consumismo não é um fato que diz respeito apenas a nós mesmos, nossos gostos, nossos desejos, nosso direito de ser ou não dirigidos. Nosso consumo diz respeito a toda a humanidade: por trás de cada gesto nosso se escondem problemas de dimensões planetárias, de natureza social, política e ambiental. Basta pensar no impacto sobre os recursos naturais, nas repercussões sociais ligadas aos preços, nas condições de trabalho, na problemática ligada ao lixo, etc. Aparentemente o consumo é um gesto que se esgota no momento da compra, mas, na realidade, é um processo muito mais amplo, que pode ter forte impacto social e ambiental.
Nesse contexto, que possibilidades existem para um consumo consciente, responsável?
Por consumo consciente se entende o consumo racional, controlado, seletivo, baseado em valores sociais e ambientais e no respeito pelas futuras gerações. É um conjunto de escolhas que envolve todo um estilo de vida, um comportamento que diz respeito não só ao produto que se quer adquirir, mas também a toda a cadeia de sua produção, regulamentação, distribuição e controle.
Consumidor crítico seria aquele que reconhecesse como componentes essenciais da qualidade de um produto algumas características da modalidade de produção, como, por exemplo, a sustentabilidade ambiental do processo produtivo, a ética no trato com os trabalhadores, as características de uma eventual atividade de lobby político da empresa produtora, as repercussões sobre a saúde de quem compra, os problemas ligados à reciclagem do produto após seu uso, etc. Em outras palavras, o consumidor socialmente responsável utilizaria seu poder de compra para contribuir para o alcance de fins que julga eticamente relevantes.
Até agora são as empresas que sondam os consumidores para interpretar gostos ou, na maioria das vezes, para condicionar escolhas. Poucos consumidores consideram a possibilidade de fazer o contrário, ou seja, eles mesmos examinarem as empresas para verificar se seu comportamento corresponde aos seus próprios valores, ou seja, a possibilidade de utilizar a própria posição de consumidor para perseguir fins político e ético. Difícil? Provavelmente, mas não impossível.
Podemos resumir aqui alguns princípios do consumo consciente:
PLANEJAR – Não comprar por impulso. O planejamento nos leva a comprar menos e melhor.
REUTILIZAR – Não substitua por um novo o que você pode consertar ou transformar.
RECICLAR - A reciclagem de lixo contribui para economia de recursos naturais, reduz a degradação ambiental e gera empregos.
VALORIZAR – Ao fazer uma compra, não leve em conta apenas o preço, mas também a procedência legal e a responsabilidade social da empresa que produziu o bem.
LEGALIZAR - Nunca compre produtos contrabandeados ou falsificados (piratas), pois isso contribui para a redução de empregos e estimula o crime.