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O lugar da empatia na educação transformadora

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Recentemente, dois episódios contrastantes chamaram a atenção. Em uma escola do Distrito Federal (DF), um professor foi agredido por um pai após proibir o uso do celular em sala. No mesmo dia, em uma escola na Dinamarca, estudantes participavam de uma aula semanal de empatia — uma prática curricular que ensina crianças e adolescentes a se colocarem no lugar do outro, ouvir sem julgar e resolver conflitos por meio do diálogo.

A diferença entre essas realidades reflete realidades educacionais e de sociedades distintas, mas também possibilidades de mudança. A empatia não é apenas um princípio desejável para toda e qualquer sociedade; é uma competência essencial para a convivência e para o aprendizado. E esse princípio está presente também na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que orienta a educação brasileira.

Segundo a BNCC, desenvolver competências socioemocionais é parte integrante da formação do estudante, sendo um dos dez pilares das Competências Gerais da Educação Básica. Entre elas, destacam-se:
•    Competência 8 – Autoconhecimento e autocuidado: reconhecer emoções, desenvolver empatia e agir com respeito e responsabilidade nas relações.
•    Competência 9 – Empatia e cooperação: exercitar a escuta ativa, o diálogo e a colaboração, valorizando a diversidade de pessoas e culturas.

Essas orientações tornam a empatia um eixo transversal do currículo, que deve atravessar todas as áreas do conhecimento e todas as práticas pedagógicas. Isso significa que ensinar empatia é ensinar um conteúdo do currículo, não é algo “a mais”, mas parte fundamental do processo educativo.

Em sala de aula, o professor pode promover experiências que desenvolvam empatia e cooperação:
•    Rodas de conversa sobre sentimentos e convivência;
•    Dramatizações de situações de conflito para estimular a resolução pacífica;
•    Projetos interdisciplinares que envolvam solidariedade e colaboração entre estudantes e turmas;
•    Leituras literárias e discussões éticas que despertem sensibilidade e reflexão;
•    Atividades de voluntariado escolar que conectem o aprendizado à vida comunitária.

Essas práticas fortalecem o clima socioemocional da escola, reduzem comportamentos agressivos e constroem um ambiente em que o diálogo e o respeito são valores vividos, não apenas ensinados.

O professor, nesse contexto, é o mediador das relações humanas. Seu exemplo de escuta, paciência e acolhimento é o primeiro aprendizado de empatia que o aluno vivencia. Cada gesto docente, da forma como lida com uma indisciplina à maneira como elogia o esforço de um aluno tímido, transmite uma mensagem formadora.

Trabalhar a empatia não exige tempo adicional, mas um novo olhar sobre a prática pedagógica. Ela pode estar presente na interpretação de um poema, em um experimento coletivo de ciências ou em um debate sobre justiça social. Quando a empatia permeia o currículo, a aprendizagem ganha sentido e propósito humano.


Investir em empatia é investir na formação integral do estudante, conforme prevê a BNCC. É formar cidadãos capazes de conviver, colaborar e cuidar uns dos outros — competências indispensáveis para a vida em sociedade.

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